PORTUGAL CORRUPTO : rankings para todos os gostos !

Viajantes do Espaço Cibernético, 

Leitores ocasionais e demais que por aqui passais !

Hoje li:

Portugal foi considerado o 5.º país mais corrupto do mundo. As conclusões resultam de um inquérito realizado pela consultora Ernest&Young. Para o estudo foram entrevistadas 3800 pessoas de 38 países da Europa Ocidental e de Leste, Médio Oriente, Índia e África.

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Segundo o estudo, apenas a Croácia, o Quénia, a Eslovénia e a Sérvia são países mais corruptos que Portugal.

Ao ler este artigo, postado por alguém no facebook, vi que deveria ser falso ou a consultora terá números para provar, segundo os critérios desse estudo e justificar o ranking atribuído ao nosso país, o que me deixaria muito triste e, sobretudo, pressuporia um ESTADO DE PORTUGAL MENTIROSO E FALIDO, apesar de vivermos em democracia e de sermos membros da UNIÃO EUROPEIA, com milhares de tecnocratas a controlar tudo e todos.

A SER VERDADE...

significa que PORTUGAL é o símbolo da MENTIRA MAIS-QUE-PERFEITA, onde as mentes, além de corruptas, são o expoente máximo DO ILUSIONISMO planetário, o que seria o nosso MAIOR TRUNFO, quando fosse necessário decidir o REGEDOR DA TERRA e do UNIVERSO !

Com tanta ciência na ARTE DE ENGANAR e e de se tornar INVISÍVEL, ninguém seria melhor que a raça lusitana para colonizar o Espaço, porque parece que somos constituídos em uma matéria translúcida e inodora, capaz de trespassar os alienígenas e neutralizar as armas de destruição massiva que porventura possuam.

Cá estamos nós, tugas, armados em Cavaleiros das Estrelas, a menos que estejamos a dar abrigo aos Cavaleiros do nosso Apocalipse.

Pronto, ironia feita, vou tentar associar o 5º lugar a uma referência mais plausível.

Primeiro, visto pelo lado escuro da corrupção, só em África há mais de 10 países mais corruptos do que Portugal, porque pelos 3 fomos nos quem os colonizámos - Angola, Guiné-Bissau e Moçambique - e a herança deixada pelos restantes colonizadores europeus é bem pior, desde a Argélia à Somália, passando pela Líbia, Sudão, Guiné Equatorial, Congo, República Centro Africana, Zimbabwé e tantos outros estados tribais.

Apesar do mal que fizemos, afinal fomos muito muito anjinhos em termos de barbárie e crimes contra a humanidade, e se os houve, muitos deles foram feitos à rebelia d'El Rei de Portugal e dos Algarves, cuja política era casamento em vez de afrontamento, amor em vez de guerra, o que me leva a concluir que foi o nosso soberano o autor ideológico do célebre slogan MAKE LOVE NOT WAR, cantado pelos hippies dos anos 60, para mostrar a sua aversão à guerra do vietname, quando o haxixe, o LSD e a cocaína começaram a fazer levitar os ideais pacifistas, da baby generation.

Segundo, se olharmos pelo prisma da honestidade, também é impossível estarmos em 5º lugar, porque só no Norte da Europa há 5 países entre os 10 mais honestos do mundo, tal como a Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca e Holanda, sem contar a Alemanha, o Luxemburgo e o Reino Unido.

Analisadas o topo e a cauda do ranking, limitemo-nos a nossa análise à corrupção no espaço europeu.

Será Portugal o 5º país mais corrupto da Europa?

Não, sem hesitação ou estado de alma chauvinista ou derrotista. 

Mais podres que nós ( os nossos políticos porque eles é que têm interesse em tudo ) - temos pelo menos 4 ditaduras: a Rússia, a Albânia, a Bielorrússia, o Cazaquistão e outras tantas democracias como a Grécia, a Itália, a Moldávia e a Roménia.

Então em que parâmetro poderíamos nós pensar para sermos o 5º entre os países mais corruptos?

A resposta mais óbvia é limitar esse ranking às 27 DEMOCRACIAS DA UNIÃO EUROPEIA, o que equivaleria a reconhecer que estamos muito mal entre os democratas mais honestos e somos os pobretanas do 1º MUNDO.

Por curiosidade fui ver o relatório do ÍNDICE DE PERDEPÇÃO DA CORRUPÇÃO em 2019 e Portugal ocupa um não muito honroso 30º lugar, com 62/100, piorando resultado de 64/100 de 2018.
 . https://transparencia.pt/cpi2019/

Mau sinal, para o futuro de Portugal e para o presente imediato de 10 milhões de portugueses, que não ganham juízo, que, para elegerem  tantos  corruptos, não prestam e que não aprendem nada com os erros do passado, porque já mais de 140 anos, um funcionário público, escritor e crítico dos nossos brandos costumes,- Abílio Guerra Junqueiro - que, infelizmente e para mal dos nossos filhos e netos, escrevia que éramos, tal como agora,

UM POVO RESIGNADO E DOIS PARTIDOS SEM IDEIAS

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.

Guerra Junqueiro, in 'Pátria (1896)'

Está tudo dito há mais de 120 anos...

Subscrevo na íntegra, com mágoa, porque o 25 de Abril dos meus 20 anos não foi feito para isso e muito menos aquele que eu sonhei, enquanto lutava por DEMOCRACIA DE LIBERDADE RESPONSÁVEL E EXIGENTE.

Qvo Vadis, Portugal ?

Luís Macedo Martins Pereira

Luxemburgo, Portugal, Brasil - cidadão do mundo