sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Portugal e a estranha forma de ser feliz !

Desde os tempos dos descobrimentos e do Tratado de Tordesilhas, em que a Espanha e Portugal se declararam senhores de meio mundo, com a bençao do papa, que o nosso país se tornou o ântro da corrupção.

Com o império e as colónias, e tantas especiarias para satisfazer a gula e os mais diversos apetites, os portugueses rapidamente se habituaram a viver à custa dos " negros ou dos amarelos " que a santa inquisição considerava homens de segunda, por não comungarem e viverem segundo os princípios da santa madre igreja.

E à força de se casar com as " cativas " e de provarem as iguarias que elas lhes serviam em palanques ou liteiras douradas, os portugueses começaram a levar vida de macaco, porque marajás de verdade nunca foram, mesmo quando as índias eram passadas pela espada e pelos canhões dos fortes e das caravelas.

Depois, esses vícios e tiques de grandeza, foram sendo copiados e adoptados pelos " nobres " e pelos homens de armas da pátria-mãe, onde qualquer zé ninguém tinha sempre alguém para lhe dar uma carta de recomendação, quando não era uma cunha para ser ferrador - profissão que dava alvíssaras, tantas eram as cavalgaduras do reino - ou regedor da aldeia.

Assim se foi semeando e perpetuando a cultura do " chico-espertismo e do compadrio promíscuo ", com a consequente distribuição dos lugares ao sol pelos filhos e enteados dos senhores, que por sua vez criavam à sua volta um séquito submisso e fiel, quando não era de junços e de capangas, criados para todo o serviço.

Se em ditadura real ou republicana, o povo não tinha outra escolha, com a democracia parecia óbvio que tais práticas seriam banidas, porque a igualdade e liberdade seriam realmente efectivas.
Acontece que o povo nunca entendeu nem mereceu esse poder, porque nunca exerceu os seus direitos e seus deveres com responsabilidade, preferindo não se meter em coisas para as quais não estava habituado, até porque o voto sempre valeria um chouriço para acompanhar um pichorro de vinho e ter arroto de senhor.

E foi à custa desta " fraqueza " saloia que os chicos-espertos construiram a sua força. Mas enaquantos uns se vão governando e enchendo os bolsos e recheando as contas bancárias nos off-shores e nos paraisos fiscais com os devios e os saques no erário público para viverem à grande e à francesa, o povo é que se vai lixando e vendo o seu futuro cada vez mais negro.

Hoje, como há séculos, e muito por culpa dos nossos brandos costumes, Portugal, além de continuar a ser um país adiado, e apesar de ter a corda na garganta, continua a ostentar os tiques de nobre arruinado e desonrado que, sabendo-se perdido, prefere viver a crédito, porque, porco morto, cevada ao rabo e só se perde o que não se gozou !

Mas que filosofia mais meretriz e que estranha forma de ser feliz !


LMP - Luxemburgo, 19-02-+2010

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