domingo, 25 de abril de 2010

A ILUSÃO DA LIBERDADE ! ( 1999 )

Ditadura & Democracia:

A ILUSÃO DA LIBERDADE!

Antes de 25 de Abril de 1974, Portugal estava orgulhosamente só, apregoavam os iluminados fascistas.

Mas que País era o nosso?
O dos ditadores que abusavam da prepotência para roubar a Liberdade a quem, nada possuindo, só desprezo lhes dava, condenando-os a parecer Alguém à custa da liberdade usurpada ao Zé Ninguém? ; ou o do povo objecto, que, condenado a viver o Inferno nesta vida, acreditava, por convicção ou ilusão, que mais Além, na amargura do seu coração, morava Alguém para quem seriam os Predilectos da paradisíaca Eternidade?

Os primeiros tinham a ilusão da Liberdade que não possuíam, os últimos possuíam a Ilusão da Liberdade que não tinham!

Ah Liberdade! Mas para que serve a Liberdade? Para escravizar a Democracia ou para libertar a Ditadura? Sim?! Não?! Será o contrário? Para escravizar a Ditadura ou libertar a Democracia? Mas sim ou não?! Eh! Em que ficas? Por acaso já algum dia pensaste na Liberdade?

No fim de tudo, estamos condenados a saber que nada somos, nem seremos, se nada fizermos para defender intransigentemente a dignidade humana no mundo que temos, conhecemos e em que vivemos. Só assim somos e seremos dignos da verdadeira Liberdade, a que se conquista, na maior parte das vezes perdendo-a, no presente que não existe, para a ganhar no Futuro que persiste perenemente, porque a verdadeira Liberdade rimará, no fim, com Eternidade, se começar pela fraternidade e pela solidariedade!

Ai humanidade, humanidade! Quem te contaminou que só te vejo cometer barbaridades! ( De que direito? Em nome de quem? Dos homens ou de Deus? Mas qual deus! O primeiro, o Verdadeiro, sem nome nem rosto, mas em quem acreditavas e a quem tudo davas sem nada pedir em retorno? ou o último, o Dinheiro, por quem tudo fazes e a quem tudo sacrificas para no fim tudo perderes? )

Isto para vos dizer que se o povo sempre fez rimar Abril com águas mil para esconjurar a secura do Verão, eu, agora, choraria mágoas mil de Maio a Abril para voltar à ditadura e recuperar a ilusão perdida com a Liberdade: é que nós defendemo-nos melhor da frontalidade dos nossos inimigos leais, do que da perfídia dos que se dizem e fazem nossos amigos, mas que são desleais e nos apunhalam pelas costas!

Bom, até qualquer dia, se Deus quiser e eu não me tiver afogado nestas mágoas!

Hoje choro de tristeza pela alegria de Abril, mas é bom sinal para mim, porque, e parafraseando Descartes, choro, logo vivo!

E Portugal? Em que fica? Em que acredita? Chora? Ri? Chora de alegria pela tristeza que acabou em Abril ou ri de tristeza pela alegria que só começou com a revolução? Pense, se quer viver, mas não fique toda a vida a pensar porque a pensar morre(u) … Medite nesta asneira e faça qualquer coisa para merecer um dia a Liberdade da Eternidade !

Vá! Sorria, porque as Liberdades de Abril também rimam com Felicidades mil, mas nunca à perfeição, disso não tenha a mínima ilusão! Perdão, guarde bem essa ilusão só para si para que ninguém tenha a Liberdade de lha roubar e depois a sua alma, esvaziada do sonho, lhe cause tanto dó que lhe faça, como a mim, desejar a ditadura para ser livre, livre de lutar e de sofrer, mas de saber, na certeza porém, que jamais deixarei(á) a ilusão morrer no coração!

Ditadura ou Democracia, a Ilusão da Liberdade.


Luís Macedo Martins Pereira — Luxemburgo, 25 de Abril de 1999 !

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