quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Portugal amorfo !











Por sempre ter sido " livre " dentro de mim, nunca aceitei ditaduras ou imposturas de quem quer que fosse. Por isso, tenho obedecido e sempre obedecerei à minha consciência. Por natureza, detesto agradecimentos e pessoas que não saibam olhar o próximo sem ser de alto ou de baixo.

Ora, o povo português nunca soube olhar o mundo e a sí próprio na horizontal, sem impôr nem se submeter, por isso, eufórico e iludido, anda na mó de cima ou, deprimido e abatido, na mó de abaixo. Quando precisa de algo ou de alguém, rasteja como cobra e é um escravo submisso, mas quando pensa já não precisa de mais ninguém, julga-se com o rei na barriga, e torna-se arrogante e ditadador.

Por ele, pode fazer os disparates que quiser e todas as suas imbecilidades têm uma desculpa sagrada, como os seus defeitos fossem feitios e os dos outros imperfeições e motivo de zombaria, de escárnio e de maldizer.

Nada admira pois que, quem se julga chico-esperto, tolere todas as safadezas de quem pensa e age assim, porque, para esses, roubar só é crime, quando descoberto e condenado em tribunal. Se oculto, é sinal de inteligência e motivo de regozijo. E os políticos e os gestores públicos, oriundos desse povo, só podem ser da mesma estirpe, porque quando algum ousa ser diferente torna-se o diabo em forma de gente.

É este povo e este país que eu detesto e condeno sem dó nem piedade!

O outro Portugal, o indiferente, limita-se a fazer de conta e a silenciar estes " comportamentos " criminosos e como quem cala, consente e quem não se sente não é filho de boa gente, está tudo dito: Portugal tornou-se um país maldito!

Talvez seja por isso, que em 1976 tivesse decidido não ser " doutor " num país assim. A menos que fosse meu destino assistir ao declíneo e à morte da minha Pátria de bem longe.

Ah, que raiva me dá tudo isto, não por mim, que me sei defender, mas sobretudo por quem nunca foi capaz de usar o livre-arbítrio e se julga " senhor da Liberdade " na terra dos paus-mandados.

A felicidade exige frontalidade, coragem e valentia: é por isso que, assim tão amorfo e indolente, temos um país tão infeliz.

Levanta-te e luta, povo meu, ou então bebe a cicuta... que o teu filósofo-mor vai destilando a conta-gotas e deixando cair na terra que pisas, porque se não morreres pela boca, morrerás pelos pés, quando andares descalço, no deserto que se tornará o Portugal que tu ajudaste a " secar " e a contaminar com a tua indiferênça e a tua cobardia.

Ai Portugal, para deixares de ser maldito, só tens que quebrar o feitiço actual e deitar mãos à obra para repôr no seu devido lugar os valores que fizeram a sua grandeza e te puseram à cabeça do mundo.

Rei que se preza, nunca se rende, e, se tiver que morrer, será a lutar.


LMP - Luxemburgo, 24-12-2009

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