quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Portugal mesquinho e macambúzio!

Longe do país há quase 35 anos, é com profunda tristeza que o vejo afundar-se cada vez mais no cínismo de uma demagogia idolatrizada.

O povo e os políticos portugueses preferem viver num país virtual e reagir às catástrofes, a prevenir e agir, usando todos os trunfos de que dispõem para vencer os desafios da globalidade e assegurarem o futuro das gerações vindouras, legando-lhes orgulhosamente um país limpo e próspero. Portugal é um país acovardado e desonrado, que prefere viver como um nobre arruinado, porque ele já se consciencializou de é que um suicidário em potência.

Quando se perde o bom-senso e a vergonha, que norteiam a consciência individual e colectiva, todos os abusos nos parecem naturalmente permitidos: são os virus da imoralidade, da decadência e da dependência que se colocam em marcha e começam a minar e a envenenar a auto-estima, o amor-próprio e o temor a Deus ( para quem acredita Nele ). Entrando nessa engrenagem degenerativa é a animalidade primária que começa a vir ao de cima e a tomar conta do livre-arbítrio e da consciência humana.

Portugal engendrou o seu próprio Adamastor no dia em que perdeu a capacidade de sonhar e, sentindo o peso do seu passado glorioso, começou a duvidar da sua genialidade e a ter medo do Futuro.

Ao tornar-se um país medroso, Portugal ficou piroso, triste, deprimido, mesquinho, egoísta e macambúzio, e, como todo o mundo sabe, a Felicidade e o Sucesso fogem dos portadores de tais sentimentos tenebrosos, como o diabo da cruz e da água benta, porque a Felicidade é audácia, coragem, coerência, constância, honestidade, trabalho, solidariedade, Luz e alegria de viver.

Quando escreveu que " o sonho comanda a vida ", o poeta António Gedeão estava a lançar um grito de alerta, mas, infelizmente ninguém soube descodificar tal mensagem e dar-lhe a importância que ela tinha.

Hoje, sou eu que aqui escrevo com todas as letras: ou Portugal se liberta dos medos e dos fantamas do passado e vive intensamente o Presente - fazendo realmente o que deve e se exige dele - ou os ideiais tenebrosos tomam conta dele, plantando o inferno nesse cantinho de paraíso.

Mais, quem não tiver Frontalidade e Coragem, não será digno da Felicidade !

Para entenderem melhor muitas das minhas crónicas e dos " gritos " de revolta que solto sempre que vejo a injustiça e a hipocrisia estampada nos olhos dos demagogos a quem gerações sucessivas de portugueses vêm, imconsciente e irresponsavelmente, passando cheques em branco aos políticos corruptos e mafiosos que saqueiam impunemente o erário público.

A mim nunca me enganaram ou corromperam eles!
Em 1975 eu já sabia no que a revolução daria e que não aceitaria viver num país assim, tão diferente de mim.
Por isso, larguei tudo o que me prometiam e parti, obedecendo à minha consciência e ao meu coração.

E sei que sempre tive razão!


LMP - Luxemburgpo, 15-10-2009


A minha autobiografia ( * )

Em 1976, cansado de esperar pela abertura da faculdade, que os marxistas haviam trancado a sete chaves dois anos antes, decidi vir ver como o meu pai, emigrante desde 1969, ganhava os francos com que me pagava os estudos, na Escola Salesiana do Estoril.

Vim por curiosidade, mas acabei por ficar. E já lá vão 25 anos!

Numa geração realizei muitos sonhos impossíveis, mas conheci também a dor amarga da Saudade e, de adiamento em conformismo, vi o meu sonho de criança esvair-se nas brumas da ilusão, antes de cair irremediavelmente nas masmorras da virtualidade.

Jurista nunca cheguei a ser, mas muito me honram as inúmeras causas que advoguei, sobretudo as que perdi para defender a minha íntima convicção, neste meu itinerário pelo Grão Ducado do Luxemburgo.

Aqui, fui, realmente, estudante, operário, fotógrafo, locutor de rádio, professor ou agente imobiliário, e, muito naturalmente, escritor..., porque isso comecei a sê-lo nos bancos da escola da minha terra natal, Fiolhoso, uma aldeia do concelho de Murça, onde nasci há 46 anos.

Este romance dedico-o aos meus filhos e à minha esposa, a musa que muito me inspira, ao Carlos Filipe, meu Nobel amigo de Timor Lorosae, e a todas as pessoas que, pelo mundo, fazem rimar quotidianamente a Felicidade com a Solidariedade e a Fraternidade.

LMP - Luís Macedo M.Pereira - LUXEMBURGO - Lud MacMartinson
(*) Escrita em Março de 2001 para a apresentação do meu romance La Force du destin - A Força do destino - no Salão do Livro do Festival das Comunidades 18-21/03/2001

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