domingo, 4 de outubro de 2009

Premonição da Ditadura cor-de-rosa ... ( 1º Abril de 1999 )

13 DE JUNHO :O DIA EM QUE ESTE ENGANO DO 1º DE ABRIL (*) ESCOLHEU PARA SER REALIDADE?

DITADURA COR-DE-ROSA :
antes, depois, mas… E AGORA?

Quando era criança, e ouvia dizer que os rapazes iam para a guerra, sonhei, e comecei a contar a toda a gente, que, quando fosse grande, não iria combater, porque Portugal já não andaria na guerra. Nessa altura, para mim, pequenino, o que os adultos diziam é que era verdade, verdadeira e sagrada: os maus eram os turras, esses bandidos que queriam roubar as nossas colónias de Além-mar e massacrar os nossos vizinhos que tinham vendido as suas leiras cá na aldeia por uns contos de réis para irem comprar meio mundo por dois tostões lá nas Áfricas.
Mais tarde, graças à herança do meu avô materno, herói da I Guerra Mundial, lá consegui, dizendo que queria ser padre, ir estudar para o seminário de Vila Real, onde, descobri que as coisas nem sempre são como parecem ou nos dizem: Deus não era assim tão mau nem os padres assim tão bons. Mais, até descobri que, afinal, no meio da escuridão também há luz. Passados anos, sempre a ser o menino bem comportado que os padres queriam que fosse, bati-lhes com a porta na cara e, de repente, os espertalhões aperceberam-se que há muito que sofriam de miopia. Isto aconteceu num dia de Inverno de 1973, quando desisti e acabei de vez aquela partida de xadrez que travava com a sagrada tirania. Na época perguntaram-me porquê e eu, apesar de todo o bem que pensava e da gratidão que devia aos meus últimos pedagogos, os Salesianos, respondi que não sabia. O que eles não sabiam é que a minha consciência me sussurrava ao coração e me dizia que eu devia sair de lá e, obediente, saí mesmo, contra tudo e contra todos.
― Coitado! O Luís ou está maluco ou é presunçoso de mais, porque então agora, que só faltava meio ano para ser Doutor ( para ir para a Universidade ) é que se pirou do seminário? ― perguntavam uns.
― Assim nunca mais faz o 7º ano e consegue a aptidão para ir para Coimbra! ― exclamavam outros.
― Oh! E eu que pensava que ele ia ser o primeiro bispo da nossa terra, porque reitor e da família já temos! ― lastimavam-se as beatas uma a uma…”
Mas estava escrito que o meu destino não era ser doutor de maneira nenhuma. A minha mãe, essa, que sempre acreditou em mim, não tinha medo que eu reprovasse, só tinha medo que o dinheiro que o meu pai ganhava arduamente e nos mandava todos os meses, primeiro da França e depois do Luxemburgo, em cheques cor-de-rosa, não chegasse para tudo.

Ah! Ao que parece essa moda dos cheques cor-de-rosa voltou e pegou! Ainda não ouviram falar deles? O carteiro ainda não lhes meteu nenhum na caixa? E aos vossos amigos? Não sabem de ninguém que já tenha sido contemplado? Ah! Não?! Sim? Ou não? Pois, se calhar vós não sabeis inglês ou nem quereis passar por boys, ou por rosinhas, para ter um job! E nem tampouco essa distribuição chega até aqui, terras de emigração, porque nós somos muitos, mas contamos por pouco e qualquer dia seremos menos que nada. Estarei eu a sonhar? Realmente, isto de ser sonhador é uma praga! Imaginem como andará o meu sótão que um macaquinho lhe deu para saltar hoje para a rua e se pôs a dizer que a verdade anda nua e está falseada. Ah! Pois, já me esquecia que estou a ler os jornais do dia 14 de Junho, porque ontem houve eleições. Isto só pode ser mesmo uma brincadeira de muito mau gosto ou dia 1 de Abril. Se for, (e por acaso até é / era ) até não liguem a esta asneira porque eu já estou pirado da mioleira ou tenho muito mau gosto para responder a esta brincadeira.

Pois, mas, por falar em cor-de-rosa, sabem como nasceu a cor-de-rosa? A cor-de-rosa nasceu da mistura do vermelho-sangue com o branco-ateu. O vermelho também já teve as suas ditaduras e as suas purificações. Dizem que só a grande União soube, com ética, purificar mais de 85.000.000 — 85 milhões! — de almas e nas calmas. Quanto à do Ateu ( Americano ) , há muito que vestiu a pele da Democracia para fazer a vida negra a muita gente e ir alargando os desertos deste mundo para melhor roubar o petróleo, quando não é para reciclar os arsenais militares da guerra fria! Pois, o gelo era tanto que o rastilho nunca pegou!…

Da Ditadura Vermelha, Portugal bem se livrou, mas parece-me que da Cor-de-rosa nem um Santo Durão, que é um diabinho convertido por um cavaco, lhe valerá. É que o maestro desta maioria sabe mais que a Lúcia, como diz o nosso povo. Pois, o nosso povo até diz tudo, mas na hora de votar não faz nada: fica em casa a dormir para não ter que meter as mãos na consciência e errar ao riscar a cruz certa no lugar errado. Até parece que os Fundos dão para comprar tudo e todos! Mas que injustiça! Enquanto que para o(a)s Rosas há dinheiro a dar com um pau e não custa nada tê-lo, para os outros é um pau vê-lo! Até parece que o de uns é fêmea e o dos outros macho!

Estará o povo errado, comprado ou drogado? É que, depois de ter sido um lobinho do contra tudo e a favor do aborto, o engenheiro, que até é bem engenhocas, teve uma visão messiânica e virou-se contra o aborto para ter ser favor de tudo o que conta…, para chegar à tal conta em que ninguém mais conta, seduzindo os amarelos celestiais para criar laranjas artificiais e assim baralhar as demais. À força de trocar uma vez, o homem troca um cento e assim se ganha a mania de trocar até as voltas aos que trocam mais depressa de coração do que de camisa e, sobretudo, aos troca-tintas que não nada trocam às claras, mas às escuras, porque a essas trocas ao negro se chamam maroscas, que se dizem irmãs das outras trocas e primas das baldrocas, que são trocas que gostam de se baldar na hora de prestar contas.

Ainda se recordam? Foi assim que o Salazar principiou. À força de lhe dizerem que ele é que sabia, o professor, que até sabia realmente umas coisas, armou-se em bom samaritano e começou a distribuir sabedoria por toda a gente ( porque o dinheiro do povo era preciso guardá-lo trancado a sete chaves para salvar o império ) e o povinho achou que era melhor não puxar pela cabeça e gastar inteligência que lhe restava, que era dura e saloia, deixando o António gastar a dele, que era bem mais douta e, além de capaz, ele até era solteiro e parecia bom rapaz. Ah! Agora temos um que é bom rapaz, mas só parece que é capaz.
“ Não te canses mais povo meu, porque quem sabe de Portugal e do mundo sou eu! Cuida lá do teu pé de meia, que qualquer dia até te tiro a meia ao pé! ” A meia? Até a consciência lhe tirou e para que o povinho não tivesse remorsos e se revoltasse, mas passasse a vida inteira a dizer Amem a tudo ou então ficasse calado ou fosse ao Futebol ou ver cantar o Fado. Mas como que tinha que arranjar uma distracção para toda a gente, vejam lá que o génio comprou a televisão para levar os velhotes a Fátima sem saírem da sua região, para não gastarem as meias do pé com tanta devoção e o pés de meia que tanta falta faziam à Nação.

E ainda há quem diga que foi o americano Bill Gates quem inventou a realidade virtual! Coitados, esses ou não são netos dos avozinhos ou têm pouca fé no génio português que, depois de sonhar com o fim mundo e lá chegar o deu à Humanidade para ele nunca mais acabar, e depois de inventar uma Passarola e a ter dado aos Franceses (o que fez Napoleão pensar que a verdadeira Lâmpada de Aladino se encontrava em Portugal e mandar por aí abaixo o Junot atrás dela ) o nosso país também teve o azar de criar um António genial, que com três ÉFES apenas, inventou um país virtual. E dizer que o solteiro chegou a ser o pai da Nação! Uma aberração, mas enfim! Ui! Como é que ele se chamava? António?! Ó carago! Qualquer hora estamos no Santo António, que calha num dia 13 de eleição!

Realmente isto de inventar um padroeiro para tudo é mesmo porreiro! Vejam lá que os Portugueses são tão inteligentes que até se lembraram de inventar um Santo para a Sorte no dia do Azar! Pois, já sei, sou eu que estou a ler os jornais do 14 de Junho! Ai agora é duro?! Anteontem, 12, o povo ficou a foliar pela noite fora e ontem, 13, esqueceu-se de que só tinha que ir votar.

É que a praga dos milhões, para tudo e a fundo perdido, habituou-os a não fazerem nada para terem o futuro garantido. Depois, quando estivermos todos enganados, não digam que ninguém vos avisou a tempo. “ Mas não! Não te aflijas povo meu, que de ti quem cuida sou eu! Então algum dia, se não viesse por bem, Deus permitiria que uma Ditadura COR-DE-ROSA chegasse ao domingo, que é dia Santo, e para mais no dia de um Santo que acode a tudo quanto é desgraça? ” Então que acuda a mais esta que não presta! Não presta? Perdão, excepto para os boys que estão a falsear a igualdade e a desfalcar Portugal! Nunca pensei que existisse uma diferença tão abismal entre o ter (um Job ) e o ser ( um Jó(b) !

“ Ei! Acorda, homem, porque isto são coincidências a mais. O outro tiveste o AZAR de o herdar, vê lá não ERRES desta vez ao votar, porque senão ressuscitas o fantasma do S… na pessoa do G…, e ficamos tramados! Ou talvez não, pelo menos enquanto a União Europeia não nos tirar a mama. Oh! E cá volto eu! Mas que ideia!? Agora deu-me para trocar a realidade por um sonho… purgatório! Bom, por hoje já nem faço mais trocadilhos para não ficar mais baralhado. Oxalá Portugal não caia na cantiga virtual e depois fique por aí a dizer que está muito mal.

Antes de terminar este pesadelo, ( credo! que o diabo seja cego e surdo para que ele nunca mais se repita, senão ainda caio em desdita, ) quero que se lembre que não há rosas verdadeiras sem espinhos e que, à força de tanto misturar as cores e as notas, o pintor, que dá música a toda a gente e é engenheiro, ainda vai acabar por borrar a pauta toda e deixar a sinfonia a meio, como eu deixei este artigo. É que o homem, quanto mais se capacita que é capaz de tudo, de nada é capaz e disso menos se capacita. E agora? Agora, esperemos pelo antes, e depois veremos se esta ficção ― ( escrita para o 1º de Abril de 1999 ) , mas que alguém não quis publicar para não brincar com coisas sérias ) ― verá o dia no 13 de Junho para já não serem lérias, mas realmente o pesadelo que eu nunca quis que fosse!

Oxalá Outubro não veja a Democracia parir uma Ditadura Cor-de-Rosa ou institucionalizar a República dos(as) Bananas!



LMP - Luxemburgo, 1 de Abril de 1999.
NB: Este artigo de opinião não chegou a ser publicado, por falta de corgem dos editores...2 anos e 6 meses depois - em finais de 2001 - o pintor, que também era engenheiro e dava música - como previ - acabou por borrar a pintura e deixar a sinfonia a meio, provocando eleições legistativas antecipadas.

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