domingo, 25 de outubro de 2009

Carta Aberta (*) aos Homens Honrados de Portugal

Há oito anos (*), escrevi uma Carta Aberta a político cujo destino parecia reservar-lhe a cátedra de Primeiro Ministro. Infelizmente, ele, julgando-se talvez incapaz de mudar o seu partido, tomou uma medida radical, fundando um novo, e até hoje é à sua traverssia do deserto que eu assisto, porque sei que Homens como esse ex-líder político, fazem falta a Portugal.

Em vez de andarem a brincar aos " partidos " ou a alimentar facções, esses Homens Bons e Justos, deveriam " unir-se " e agregrar à volta deles muitos dos " injustiçados " da pseudo-democracia que está a " minar " e arrastar a pátria lusitana para o abismo.

Pelos vossos filhos e pela pátria, levantai-vos, Homens Honrados de Portugal, e mostrai ao país e ao Mundo o que é ser um Digno Herdeiro da Gesta lusitana.

Carta aberta ao Futuro
Primeiro-Ministro de Portugal


Ex.mo Senhor,

Hoje, decidi levantar-me pela aurora — porque as asneiras dos senhores que governam Portugal são tantas que até insónias já me provocam — e escrever-lhe esta carta, que talvez ninguém ouse publicar, como já aconteceu com dezenas de artigos meus — opiniões e verdades, obviamente tidas e ditas antes do tempo, e por isso muito mal-amadas. É que nós, os irreverentes, os idealistas, os privilegiados que viram nascer e lutaram para Abril fosse todos os dias da nossa vida, não suscitamos ou pautamos a nossa revolta pelo compasso alheio, nem pelo relógio dos políticos, que nada fazem a tempo, que nunca seguem a voz do coração — se é que o têm — porque, esses, deixam-se arrastar nas ondas da opinião, quando não ficam à espera que, numa sondagem, mais ou menos fictícia, surja a aragem proprícia, anunciadora de grandes feitos. Quem quer andar sempre na crista da onda, nunca saberá navegar e jamais será marinheiro de alto mar...

Bem se vê que esses coitados, tantas vezes deslumbrados por um canudo ou um dr comprado num desses supermercados da mal-educação, quando não é da droga, ou da alienação, se preferir — que se tornaram os nossos estabelecimentos de ensino — nem para cataventos ou palhaços de circo servem, porque, assim, tão abandalhada, a arena e a ribalta que ocupam já não atrai nem faz rir ninguém. É chegada a hora da limpeza-geral! Caiu o pano para os travestis! Portugal precisa de mulheres e de homens assumidos e destemidos que não se envergonhem do que são e tenham a coragem de o ser em toda e qualquer ocasião e jamais se esqueçam que coerência rima com consciência e decência.

Sinceramente, espero que o senhor não só não lhes siga as pegadas, mas, sobretudo, tenha a coragem de operar, na política portuguesa, a viragem de cento e oitenta graus que os democratas e cidadãos activos há muito vêm exigindo. O compadrio, a corrupção e a pouca vergonha sufocam-nos, senhor Futuro Primeiro-ministro!

Está na cara que o senhor o fará e conseguirá, porque quem teve a audácia de pegar num partido, de enfrantar barões assinalados, partindo — desculpe-me a redundância — a loiça toda e, depois de recolar os cacos, não se deixou corremper pelo poder, também tirará do poleiro os garnisés que, por aí de galo cantando, Portugal estão depenando. Tenha fé, porque a fortuna sorri sempre aos audazes — e o senhor é um deles — , porque é, seguramente, muito audaz, quem teve a humildade de atravessar corajosamente o deserto do opróbio e do escárnio políticos, e soube tirar da derrota a força e a semente da vitória que antevejo e desejo. É que, se o senhor até nem necessita mesmo nada da política para viver, Portugal precisa muito de si, e de homens como o senhor, para sobreviver. Os que, actualmente, se estão a armar em governantes, não passam de uns chicos-espertos, coveiros, ou de uns falsários que já não sabem o que enterrar e falsificar: se a cédula ou a certidão de óbito que a Portugal querem passar!

Se o digo e o escrevo com tanta convicção, é porque, não sendo do seu partido, nem me revendo em nenhum dos actuais, vejo na sua « démarche » política e na sua frontalidade « a ousadia e a verticalidade » de Francisco Sá Carneiro, que depois de fundar e ajudar a lançar as bases um partido « reaccionário », em tempos adversos, contra a corrente e a “ pensée unique”, — que os falsos democratas e pseudo-revolucionários, verdadeiros oportunistas daqueles tempos, da estirpe proletária se reclamando, ao nobre povo queria impingir — não só teve a humildade de aceitar a derrota, mas sobretudo arranjou forças e teve a coragem de tudo recomeçar para o conduzir à vitória que todos conhecemos.

Estou convicto que, no fundo do seu coração, Sá Carneiro sabia que um dia a Pátria lhe pediria e lhe exigiria um (con)tributo muito maior : a própria vida. E, altruista, ele ofereceu-no-la, generosamente. Por isso, Francisco Sá Carneiro, para mim, mais que o Messias de quem ouvi falar em 1973, será sempre o Herói e Mártir, que chorei em 1980! Como Cristo, ele doou a sua vida por todos os portugueses, mesmo por aqueles que nunca mereceram a democracia. Esses, oportunistas ou irresponsáveis abstencionistas, deviam viver no Afeganistão ou sofrer num Gulag qualquer até aprenderem que quando a Responsabilidade e a Liberdade não se assume(m) e exerce(m), a Democracia perece.

Oxalá o senhor cumpra o seu desígnio e realize o seu sonho, — se for para bem de Portugal — , mas que Deus ( ou a Nação ) não lhe exija tanto, para que, daqui a vinte anos, nenhum bravo, que porventura agora está nascendo, sintindo o odor nauseabundo da Pátria moribunda, se encha de coragem para vir enterrar os mui sinistros e sui generis “pink boys ” que, hoje, impunemente, vão hipotecando o futuro do nosso país.

Coragem, senhor Futuro Primeiro-Ministro de Portugal


(*)Escrita a 08-08-2001 às 05:37:30
LMP — Luxemburgo, 25-10-2009

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